Porque tenho andado sempre fugida, porque nem sempre me resta
tempo para explorar, e porque muitas são as vezes que não sou fácil de
convencer, não tive oportunidade de conhecer o trabalho dos Pensão Flor, até
então.
Não fora estar mais atenta ao que se passa em Coimbra ultimamente,
quase ia perdendo a avassaladora oportunidade de assistir ao lançamento do 2º
álbum da banda, SUL. Comecei por me inteirar
do primeiro (O Caso da Pensão Flor) ao
longo de um dia e foi crescente o meu entrosar com a música, com a voz, com o
estilo tão português, mas tão influenciado por ritmos como o tango, a morna, a
música popular brasileira, e até, agora no SUL,
o princípio de uma “flamencada”, mesmo ao meu gosto. É claro que nunca posso
esquecer a feliz ideia de incluir no seu tema mais conhecido (Na Volta de Um Beijo) acordes do Cure, uma das minha all time favourite bands.
A voz da Vânia é contagiante e arrepia pêlo; as guitarras, o
baixo e as teclas dão-nos música familiar de grandes artistas de Coimbra e
fazem o som percorrer do corpo para a alma a um ritmo que nos faz não querer
parar de ouvir. E a música repete-se uma, duas, três vezes e não cansa.
Mas o grande bom problema são as letras “cortantes” dos
Pensão Flor. É uma intensidade que nada tem que ver com o popularucho, que dispensa
a tragédia que vai nas consoantes do fado, que imita, tenho a certeza, o que
vai na alma de tanta gente, que é arrojada e nos atravessa o pensamento. Veja-se
quanto a isto Profano. É este tipo de
música que também a mim me faz querer ser uma mulher vulgar. E ser arrojada, e avançar.
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