quinta-feira, 18 de agosto de 2011

Príncipe a Cavalo Branco

Na rua, cheia de vento, iam as duas, quase uma contra a outra, pois os cabelos na cara não as deixavam ver por onde seguiam. Seguiam-se gargalhadas atrás de gargalhadas de tal modo que, se do vento ou do riso, os olhos se encheram de lágrimas.
Entre os risos excêntricos ouvia-se a palavra do bloqueio, do basta, do stop, fling.
As mulheres têm destas coisas: apanham-se sozinhas, justificam a necessidade de um encontro, e, se não der por esta via, passam horas ao telefone com um único tema de conversa - os malditos homens.
São linhas e linhas a tentar encontrar motivos comportamentais e a solução para lidar com a estranheza das coisas.
Uma delas estava incomodada. A outra também. A esta, alguma coisa a tinha feito entrar em estado de euforia, não sabia bem o quê. A primeira esperava ansiosamente por uma sms.
Conversa ao jantar:
- Estou confusa e não sei como lidar com a situação.
- Olha, filha, a quem o dizes. Nem eu!
- Não entendo este comportamento. Ao princípio era só manifestações de interesse, agora, passam dias que se eu não disser nada, ele também não diz.
- Pois. Entendo-te perfeitamente, mas não sei que te diga.
- Será que a culpa foi minha?
- Ai, credo! Deixa-te disso. Lá criar expectativas e ficar triste se estas não se concretizarem, ou mesmo estar apaixonada, é uma coisa, agora pôr as culpas em ti é que não. Para já com isso!! Eles são criaturas complicadas... todos são diferentes, mas também são todos iguais... Não sabem o que querem. Pensam que querem, mas depois, afinal, estavam enganados. E depois, a independência é uma coisa muito bonita. Poder fazer o que nos dá na real gana é muito bom. Compromissos para quê? E mais: quem já teve um passado a dois, com filhos (objetivo derradeiro do homem), e se encontra neste momento disponível, pretende apenas ir curtindo a vida... Pode até ser uma pessoa de compromissos, mas a outros níveis.
- Pois é... Mas então e nós?
- Eu de ti não sei. Cada um tem de encontrar o seu caminho. Aquilo que tenho vindo a perceber é que não podemos depender dos outros para nada. Que acima de tudo, o que interessa é ter as nossas bases bem sólidas. Só assim nos permitiremos estar bem connosco próprios, sem ter que fazer depender a nossa felicidade ou o nosso bem-estar de ninguém. A partir daí, tudo corre melhor. Andaremos mais contentes, mais bem dispostos e dispostos a tudo!
- E o coração?
- O coração. Bom, uma questão para a qual ainda não encontrei uma solução irrevogável. Não sou pretenciosa ao ponto de achar que alguma vez encontrarei. No entanto, tento encontrar, agora, algumas fórmulas de bloqueio para não me deixar cair em erros do passado. Comecei a aprender a ler sinais; a ler as próprias pessoas; a ter mais calma comigo mesma e, principalmente, a não criar demasiadas expectativas. Não quero com isto tudo dizer que não desfrutemos dos momentos. Só não podemos ansiar pelo príncipe encantado que vem montado no cavalo branco para nos salvar. Esse é só um, e quem ficou com ele foi a Cinderela.  (as nossas mães nunca nos deviam ter comparado este livro que nos levou a crer, durante anos, que havia mesmo um príncipe para cada uma de nós)!
- Achas mesmo que não há mais?
- Acho.

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